Por que é importante debater sobre privilégio?

Por que é importante debater sobre privilégio?

Embora as conversas sobre raça, gênero e privilégio possam ser desafiadoras, elas não são apenas necessárias em sua vida diária, mas também em locais como o trabalho e em instituições de ensino. Atualmente várias organizações estão entendendo a importância destes espaços e tem usado o termo 'diversidade e inclusão' para suas iniciativas.

Criar um diálogo proposital sobre privilégio nos ajuda a estar melhor preparados para combater possíveis injustiças. Essas conversas difíceis são caminhos para a criação de uma sociedade mais inclusiva e pressionam diferentes instituições a abordar seriamente sua cultura, que pode estar perpetuando preconceitos e vieses inconscientes.

A mudança sistemática é necessária para criar a igualdade que os grupos hoje marginalizados merecem – e conversas verdadeiras são de grande importância para fazer essa mudança.

 

Por que é tão difícil conversar sobre privilégio?

 

As conversas sobre privilégio e injustiças, geralmente, envolvem trazer à tona experiências e eventos que podem ser muito traumáticos e dolorosos para todos. O próprio entendimento sobre o que é privilégio e as diferenças de pontos de vista e experiências também podem aumentar a tensão.

Para alguns, pode ser difícil enfrentar o que precisam desaprender ou confrontar seu próprio privilégio. Já para outros, essas conversas podem ser intimidadoras.

Muitas pessoas temem que vão dizer algo errado ou não são educados o suficiente para se posicionarem e se envolverem em conversas sobre o assunto; e, como resultado, optam por não expressar sua opinião.

No entanto, conversar sobre privilégio é uma etapa crucial para entender e abordar as injustiças enfrentadas por outras pessoas. É o diálogo que nos ajuda a descobrir como podemos trabalhar juntos como sociedade para criar mudanças significativas.

 

Como dialogar sobre privilégio de forma produtiva

 

Faça sua pesquisa e prepare-se com antecedência

 

Antes de se envolver em qualquer diálogo relacionado a diversidade e inclusão, trabalhe para se educar primeiro! Embora a educação seja um processo contínuo, é fundamental participar de conversas com pelo menos algum conhecimento e compreensão sobre o assunto. No mínimo, a leitura e busca por conteúdo e informação demonstra seu compromisso a aprender e não somente a ser ensinado.

Reconheça seus próprios preconceitos e privilégios, entenda as maneiras pelas quais você se beneficiou consciente e inconscientemente de sistemas que estão prejudicando os outros e, por fim, aprenda sobre como eventos e movimentos históricos estão conectados e ainda moldam a sociedade atual.

Há inúmeros recursos de qualidade sendo compartilhados online através das redes sociais e outros meios de comunicação que podem ajudá-lo nessa jornada. Busque pelos termos diversidade e inclusão e procure por indivíduos e instituições tarbalhando no tema.

 

Declare suas intenções e objetivos no diálogo

 

Definir uma intenção e um objetivo claro para conversas sobre privilégio é condição fundamental para definir os rumos do diálogo, quem deve participar dele e o que você está tentando alcançar.

A título de exemplo, o objetivo pode ser convidar funcionários de uma empresa a compartilhar suas experiências pessoais e histórias sobre como o preconceito se manifesta em sua organização ou rever os procedimentos de contratação para eliminar práticas que o perpetuam.

É importante direcionar essas conversas de volta às práticas de diversidade e inclusão e à cultura da empresa. Possíveis perguntas a serem abordadas nesse cenário incluem:

  • Existem programas de diversidade e inclusão ou iniciativas de contratação voltadas para populações pouco representadas na empresa?
  • Se sim, elas têm sido eficazes? Como estimular o acesso a este grupo?
  • A empresa trabalha ativamente para criar um ambiente de trabalho inclusivo? Quais aspectos demonstram isso?
  • Se não, o que precisa mudar para que isso aconteça?

 

Esteja disposto a admitir que você não tem todas as respostas

 

O medo de estar errado, usar um termo inapropriado ou não saber o suficiente pode nos impedir de participar de conversas sobre privilégio, mas não deveria.

Você definitivamente deve fazer sua parte em se educar antes e depois dessas conversas, mas o ponto é que você deve entrar em diálogo como esses dispostos a abraçar o desconforto de não saber e de estar errado.

O verdadeiro crescimento está fora da sua zona de conforto. Esteja aberto a aprender algo novo e a entender um conceito, experiência ou evento de outra perspectiva. Sempre ouça ativamente e faça perguntas. Existe uma multiplicidade de histórias no mundo e você pode se enriquecer ao ter acesso a como outra pessoa percebe e o experiencia.

 

Reflita e comprometa-se a mudar

 

Por fim, após a conversa, certifique-se de levar algum tempo para refletir. Exemplos de questão para refletir após dialogar sobre privilégio, diversidade e inclusão:

O que você aprendeu com essa conversa? Que novas informações, palavras e pontos de vista estão disponíveis?

Como seus pensamentos e experiências se comparam com os pensamentos e experiências de seus colegas? Você se vê com alguma vantagem em coisas que não se dava conta?

Que preconceitos e privilégios você descobriu que inconscientemente sustenta que gostaria de trabalhar na desconstrução?

Como você pode fazer melhor daqui para frente? Quais são os próximos passos? Convide pessoas que possam te ajudar nessa jornada.

A mudança não é fácil, e o trabalho ativo deve ser feito para causar um impacto positivo duradouro. Mantenha-se responsável e continue aprendendo sobre como você pode contribuir e fazer a diferença no mundo, ou pelo menos em sua vida cotidiana e na vida das pessoas ao seu redor.

Para conhecer mais sobre privilégio e como ser um aliado em diversidade e inclusão, conheça agora o curso Como Ser um Aliado em Diversidade e Inclusão.

 

 

Augusto Cuginotti

Artigo de Augusto Cuginotti

Publicados 21 julho 2022